30.5.08

texte de la semaine!

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em tempos morei ao lado de um campo onde gansos de brent vinham alimentar-se durante o inverno. observando-os de perto, conseguia aperceber-me dos laços familiares e de outras relações entre eles. o macho é maior que a fêmea e é um guardião ciumento da sua parceira e das suas crias. mantem-os sempre juntos; qualquer macho invasor é espantado pelo pai ganso que investe sobre o invasor com um pescoço inchado esticado, buzinando, furioso. nunca chega à luta e ao sangue. o intruso recua e retomam a sua refeição. se olharmos para um bando a alimentar-se num campo, a primeira impressão de aves amigáveis e pacíficas altera-se para qualquer coisa mais parecida com uma família de humanos à mesa. há brigas todo o tempo, a maioria por questões territoriais. os gansos, tal como as pessoas, não conseguem partilhar um espaço durante muito tempo sem o disputarem. são diferentes de nós - e podem dar-nos uma lição - na medida em que têm um ritual e formas inofensivas de resolver os seus diferendos. as bulhas nunca são suficientemente sérias para interromper uma refeição e nunca levam ao derramamento de sangue ou a cortes sérios de relações. quando se confrontam com um macho zangado a defender o seu território com buzinadelas altas, dão-lhe espaço. não há sangue no tapete, nem expusões ou separações, apenas uma adaptação ao outro. podíamos aprender com eles.
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